Casas Inacabadas no Distrito de Algodões / Alex Pimentel |
Moradores de comunidade rural amargam espera após moradias de taipa serem destruídas pelas chuvas
Passados sete meses, 14 famílias da localidade de Algodões, no Distrito
de Damião Carneiro, na zona rural de Quixeramobim, ainda sofrem com a
espera por moradia digna. Nove delas foram inscritas no Programa de
Subsídio à Habitação de Interesse Social (PSH), do Governo Federal.
Tiveram suas casas de taipa demolidas na promessa de receberem uma nova,
de alvenaria. O restante teve as moradias arrastadas pelas águas, no
inverno de 2008. Aguardam a conclusão das obras custeadas através da
Defesa Civil. Continuam morando de favor, com parentes ou amigos. Estão
desesperadas.
O casal de agricultores Luiz Marinho e Maria Irisdalva divide com os seis filhos um pequeno cômodo na casa de uma tia da esposa, na entrada da vila. Ele passa o dia na rua. Só aparece por lá para dormir, mesmo assim as piadas são constantes. Aceitaram a demolição da morada feita de barro amassado e varas de madeira acreditando na mudança breve. Com tanta demora, preferiam se arriscar ao ataque do barbeiro, o inseto responsável pelo mal de chagas, cuja doença pode levar à morte. Drama praticamente igual vive outro agricultor, Paulo Henrique de Sousa Dedê. Para ele, a situação só não é pior porque o pai, Nilo Costa, resolveu acolhê-lo após sua casa ser derrubada. Segundo ele, o filho até tentou resistir, mas os empreiteiros alegaram só ter direito ao benefício quem aceitasse por a casa abaixo. Aceitou imaginando não passar mais de 30 dias sem um lar próprio, tempo suficiente para erguer uma moradia simples, com três cômodos, banheiro e cozinha. A casa de taipa dele foi a última demolida, há 4 meses. Arrependeu-se.
Quem também não está nada satisfeito é o casal Roque da Silva e Fátima Barbosa da Silva. A casa deles foi destruída quando a barragem de um açude arrombou, dois anos atrás. A nova está bem adiantada. Mas quando as alvenarias começaram a ser levantadas perceberam que os quatro cômodos não serão suficientes para acomodar os 10 filhos e quatro netos. "Eles prometeram pelo menos oito compartimentos para a gente. Estamos sendo enganados. Pelo jeito o sofrimento vai continuar", desabafa a dona-de-casa.
De acordo com o presidente da Associação de Moradores Fausto Aprígio de Algodões, Aitron Carneiro, a situação seria mais grave não fosse a denúncia divulgada através do Diário do Nordeste, no início de março passado. "Bastou sair no jornal, a prefeitura se apressou em enviar material e continuar as obras. Rapidinho, as primeiras famílias receberam suas casas. Agora, desandou novamente. Não adianta deixar o serviço pela metade. Todos merecem morar com dignidade", completou. Ele se refere a 12 famílias já contempladas. A da agricultora Maria Helena Barbosa, a "Preta", foi uma delas. A casa dela foi uma das primeiras derrubadas pelos empreiteiros contratados pela Funasa. Porém, feliz mesmo Preta só vai ficar quando os vizinhos também receberem suas casas próprias. Ela é solidária aos demais. Assim como ela, os desalojados não entendem porque tanta demora. Desconfiam da possibilidade do dinheiro disponibilizado pelo Governo Federal ter sido desviado para as campanhas políticas, afirma Airton Carneiro.
A reportagem entrou em contato com a secretária de Gabinete da Prefeitura de Quixeramobim, Ana Elda de Almeida. Segundo ela, somente o prefeito Edmilson Júnior poderá esclarecer a situação da construção das casas populares na localidade de Algodões. Até o encerramento desta edição o chefe do poder executivo municipal não havia sido localizado. Todavia, a auxiliar informou que ele havia visitado as famílias da localidade de Algodões recentemente.
EnqueteDescaso e abandono
"A única coisa que uma mãe quer é ter um lugar seguro para sua família. Será que isso é pedir demais?"
Fabiola Rodrigues da Silva
31 ANOS
Agricultora
"Não é só o barbeiro que mata as pessoas, não. Humilhação e descaso também matam a gente, de desgosto."
Luiz Marinho57 ANOS
Agricultor
"Quando a gente começa a acreditar na casa nova o entusiasmo e o material ficam pelo meio do caminho"
Carlinos Gonçalves de Mesquita
34 ANOS
Agricultor
Alex Pimentel
O casal de agricultores Luiz Marinho e Maria Irisdalva divide com os seis filhos um pequeno cômodo na casa de uma tia da esposa, na entrada da vila. Ele passa o dia na rua. Só aparece por lá para dormir, mesmo assim as piadas são constantes. Aceitaram a demolição da morada feita de barro amassado e varas de madeira acreditando na mudança breve. Com tanta demora, preferiam se arriscar ao ataque do barbeiro, o inseto responsável pelo mal de chagas, cuja doença pode levar à morte. Drama praticamente igual vive outro agricultor, Paulo Henrique de Sousa Dedê. Para ele, a situação só não é pior porque o pai, Nilo Costa, resolveu acolhê-lo após sua casa ser derrubada. Segundo ele, o filho até tentou resistir, mas os empreiteiros alegaram só ter direito ao benefício quem aceitasse por a casa abaixo. Aceitou imaginando não passar mais de 30 dias sem um lar próprio, tempo suficiente para erguer uma moradia simples, com três cômodos, banheiro e cozinha. A casa de taipa dele foi a última demolida, há 4 meses. Arrependeu-se.
Quem também não está nada satisfeito é o casal Roque da Silva e Fátima Barbosa da Silva. A casa deles foi destruída quando a barragem de um açude arrombou, dois anos atrás. A nova está bem adiantada. Mas quando as alvenarias começaram a ser levantadas perceberam que os quatro cômodos não serão suficientes para acomodar os 10 filhos e quatro netos. "Eles prometeram pelo menos oito compartimentos para a gente. Estamos sendo enganados. Pelo jeito o sofrimento vai continuar", desabafa a dona-de-casa.
De acordo com o presidente da Associação de Moradores Fausto Aprígio de Algodões, Aitron Carneiro, a situação seria mais grave não fosse a denúncia divulgada através do Diário do Nordeste, no início de março passado. "Bastou sair no jornal, a prefeitura se apressou em enviar material e continuar as obras. Rapidinho, as primeiras famílias receberam suas casas. Agora, desandou novamente. Não adianta deixar o serviço pela metade. Todos merecem morar com dignidade", completou. Ele se refere a 12 famílias já contempladas. A da agricultora Maria Helena Barbosa, a "Preta", foi uma delas. A casa dela foi uma das primeiras derrubadas pelos empreiteiros contratados pela Funasa. Porém, feliz mesmo Preta só vai ficar quando os vizinhos também receberem suas casas próprias. Ela é solidária aos demais. Assim como ela, os desalojados não entendem porque tanta demora. Desconfiam da possibilidade do dinheiro disponibilizado pelo Governo Federal ter sido desviado para as campanhas políticas, afirma Airton Carneiro.
A reportagem entrou em contato com a secretária de Gabinete da Prefeitura de Quixeramobim, Ana Elda de Almeida. Segundo ela, somente o prefeito Edmilson Júnior poderá esclarecer a situação da construção das casas populares na localidade de Algodões. Até o encerramento desta edição o chefe do poder executivo municipal não havia sido localizado. Todavia, a auxiliar informou que ele havia visitado as famílias da localidade de Algodões recentemente.
EnqueteDescaso e abandono
"A única coisa que uma mãe quer é ter um lugar seguro para sua família. Será que isso é pedir demais?"
Fabiola Rodrigues da Silva
31 ANOS
Agricultora
"Não é só o barbeiro que mata as pessoas, não. Humilhação e descaso também matam a gente, de desgosto."
Luiz Marinho57 ANOS
Agricultor
"Quando a gente começa a acreditar na casa nova o entusiasmo e o material ficam pelo meio do caminho"
Carlinos Gonçalves de Mesquita
34 ANOS
Agricultor
Alex Pimentel
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