Revista Central: Profissional que cuida de doença da próstata virou chacota pelo governador do Ceará

Um discurso infeliz que causou preocupação em muitas pessoas. Cid disse que os homens tinham que torcer para que o futuro médico que deverá cuidar da próstata na policlínica ter o dedo pequeno.

O governador do estado do Ceará, Cid Ferreira Gomes, assinou a ordem de serviço de uma policlínica regional na cidade de Quixadá, mas em seu discurso ele foi bastante infeliz quando tentou explicar os reais benefícios que a unidade de saúde deverá trazer para a região do Sertão Central.

O chefe do executivo estadual mesmo sem saber os nomes das profissões de área de saúde, tentou falar mesmo assim, com ajuda do prefeito de Quixadá, Rômulo Carneiro, e do secretário estadual de saúde, João Ananias. Quando Cid tentou falar do nome do profissional responsável pelos exames de próstata, ou seja, um urologista, sem saber o governador disse, “aquele médico que cuida da parte de trás do homem, parte dos zovos (testículos)”. Mesmo rindo das bobagens que estava falando sobre uma doença que é a segunda que mais mata os homens no Brasil, ele continua usando termos chulos e sertanejos, “negada é o doutor que usa o velho dedão”, referindo-se sobre o método que é utilizado para diagnosticar à doença da próstata. Cid estava inspirado e deixou um recado dizendo que os homens tinham que torcer para que o profissional que deverá atender na policlínica de Quixadá ter o dedo pequeno.

Com este discurso, Cid fazia o público presente rir das suas “gracinhas”. A sua fala preconceituosa afasta ainda mais os homens desses importantíssimos exames que são os da próstata, o governador deveria ter mais cuidado com as suas palavras, tendo em vista que não observou que ele estava falando de uma doença que tem aumentado e tirado a vida de muitos homens.

Preocupado com o aumento extensivo dessa doença, o Ministério da Saúde resolveu lançar uma campanha nacional conscientizando as pessoas do sexo masculino a fazer exames da próstata. Para mudar a realidade e controlar o câncer, a informação de qualidade, detalhada e precisa é condição essencial, afirma Luiz Antonio Santini Rodrigues da Silva, diretor geral do Instituto Nacional de Câncer.

Segundo o secretário de Atenção à Saúde do ministério, Alberto Beltrame, o governo federal pretender investir até 2011 o valor de R$ 613,2 milhões, a meta é aumentar os números de vasectomias, ultrassonografias de próstata e cirurgias na rede pública de saúde. Além de capacitar um maior número de profissionais no atendimento ao sexo masculino e investir em educação e comunicação.

Fique por dentro

No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma). Em valores absolutos, é o sexto tipo mais comum no mundo e o mais prevalente em homens, representando cerca de 10% do total de cânceres. Sua taxa de incidência é cerca de seis vezes maior nos países desenvolvidos em comparação aos países em desenvolvimento.

Mais do que qualquer outro tipo, é considerado um câncer da terceira idade, já que cerca de três quartos dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. O aumento observado nas taxas de incidência no Brasil pode ser parcialmente justificado pela evolução dos métodos diagnósticos (exames), pela melhoria na qualidade dos sistemas de informação do país e pelo aumento na expectativa de vida.

Alguns desses tumores podem crescer de forma rápida, espalhando-se para outros órgãos e podendo levar à morte. A grande maioria, porém, cresce de forma tão lenta (leva cerca de 15 anos para atingir 1 cm³ ) que não chega a dar sinais durante a vida e nem a ameaçar a saúde do homem. A estimativa de novos casos para 2010 é de 52.350 novos casos.

*Os dados fornecidos são do Ministério da Saúde

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