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domingo, 26 de julho de 2009

Jovens se preparam nas férias para vestibular

Quem precisa conciliar estudo, emprego e família troca a diversão de julho pelos livros, a fim de passar no vestibular

Limoeiro do Norte. Quanto mais se cresce e a rotina muda, aumentam as responsabilidades, e o que era brincadeira vira ofício para milhares de jovens que têm o mesmo sonho, mas que poucos realizam no mesmo momento: passar no vestibular. O mês de julho deixou de ser sinônimo de férias para a moçada de 16 a 18 anos. Enquanto os amigos vão para os forrós, as vaquejadas e as pracinhas à noite, eles ficam estudando. Dividem as obrigações domésticas ou dentro da comunidade com as mesas rodeadas de livros, cadernos e fórmulas científicas. Entre uma dúvida e outra, a certeza de que é preciso estudar muito para passar no vestibular.

Principalmente quando o vestibular é concorrido, com mais de 200 inscritos para 45 vagas em cursos como os dos cursos de Nutrição e Mecatrônica, graduações tecnológicas que permitem a estudantes do Interior continuarem na própria cidade, principalmente quando não se tem condições de morar fora. Não chega a ter a concorrência dos vestibulares da Capital, mas é onde podem estudar pessoas como Narcélio Alves, do Bairro Cidade Alta, em Limoeiro. “Eu até queria fazer um curso fora, mas não tenho condições no momento”. Aos 18 anos, Narcélio divide o mês de julho entre as horas de estudo e de trabalho como educador no Projeto Paz e União, que atua com crianças e outros jovens do bairro.

Sacrifícios

Em outros anos, a estudante Tayanne Michele, de 17 anos, não queria saber de livros nem de fórmulas no mês de julho. Mas desde 2008 que julho não é mais sinônimo de férias. Na maioria das vezes abre mão de sair com as amigas porque tem que estudar no cursinho, e “na volta continuar estudando em casa”. É o sacrifício necessário que fazem muitos jovens. E a luta é maior quanto maiores são as dificuldades e, portanto, as necessidades de “ser alguém” quando crescer.

Fernando começa pelo nome do pai, Francisco. Mas não quer ser apenas o Nandinho, filho de Chico do Roldão, em Morada Nova. Já tentou vestibular pelo menos oito vezes, se juntas as provas da Universidade Estadual do Ceará (Uece - Campus Limoeiro) e o Instituto Federal do Ceará, na mesma cidade. Terminou o Ensino Médio em escola pública. “Eu acho que não me dediquei muito no colégio, mas também o ensino não era lá essas coisas”, afirma. A evasão escolar no Interior é maior na zona rural do que na zona urbana, dentre outros fatores pelo ingresso precoce dos jovens no mercado de trabalho. Fernando é mototaxista, mas queria fazer “alguma coisa na área de cálculo”.

Outro moradanovense, Jorge Agner, de 27 anos, é casado, tem dois filhos e, após passar meses estudando, esteve na última sexta-feira no Instituto Federal do Ceará, Campus Limoeiro, para fazer a sua matrícula de aprovado em Mecatrônica Industrial. “Neste mês só tinha tempo para estudar à noite, pois trabalho o dia inteiro, férias mesmo só para quem não trabalha ou não tem que fazer vestibular agora”.

Os principais vestibulares realizados no Interior definem vagas para o Instituto Federal do Ceará e Universidade Estadual do Ceará, ambos com unidades descentralizadas em todas as macrorregionais. As provas foram realizadas nas últimas semanas, mas mesmo assim Narcélio Alves continuou estudando. “Ele tem pouco tempo, mas mesmo assim estuda, e ainda ajuda em casa, se deixar ele limpa tudo e ainda faz o almoço”, conta a mãe Selma Alves. Narcélio também foi aprovado em Mecatrônica Industrial no IFCE. “Eu gosto da área, mas o que eu quero mesmo é Direito”, diz. “Esse menino desde criança só fala que quer Direito”, retruca a mãe. “Mas se Deus quiser ele vai conseguir passar”.

A estudante Tayane Michele tentou vestibular outras quatro vezes, “mas agora eu consegui”. Foi aprovada para o curso de Nutrição e esteve na última sexta-feira no sonhado momento da matrícula na faculdade. Ainda assim, terminará o mês estudando: quer tentar Farmácia na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Marcela Flávia, 21 anos, da comunidade limoeirense de Córrego de Areia, ainda não conseguiu passar para nutrição, “por isso ainda estou estudando”.

Melquíades Júnior
Colaborador


ENQUETE
Sacrifícios para entrar na universidade

Tayanne Michele Silva
17 ANOS
Estudante
Desde o início do mês estou estudando, moramos eu e uma amiga em Limoeiro porque é difícil voltar todo dia

Sâmia Senna
18 ANOS
Estudante
Não importa se é férias, pois perde esse sentido para um pré-vestibulando até que passe no vestibular

Informação extraída do Jornal Diário do Nordeste
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