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segunda-feira, 20 de julho de 2009

Hospital Maternidade enfrenta superlotação

Direção de hospital em Quixadá sugere funcionamento noturno de postos de saúde para superar dificuldades

Tendo como prioridade o atendimento às crianças e gestantes carentes, o Hospital Maternidade Jesus Maria José enfrenta colapso por conta do aumento da demanda na assistência primária de saúde. Superlotação e atraso no pagamento dos servidores já refletem nos corredores da instituição filantrópica administrada pela Diocese de Quixadá, fundada faz 69 anos. A alternativa para a crise, segundo a direção, está no início do atendimento noturno nos postos de saúde do município.

A proposta havia sido apresentada pelo diretor administrativo do Hospital Maternidade, Rafael Porto Cabral, na ultima sessão ordinária da Câmara de Vereadores. Ele reforça a sugestão dos plantões nos PSFs como opção viável para a crise que, desde 2008, paira sobre a unidade pólo, referência em obstetrícia, cirurgia, pediatria e neonatologia. Sem a ampliação da carga horária nas unidades de saúde da cidade, a assistência estará comprometida.

O diretor afirma que, apesar do credenciamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o repasse financeiro não é suficiente para suprir as despesas. Além do atraso em até 40 dias, no pagamento dos salários, a contratação de mais profissionais está comprometida. A Maternidade somente não fechou em 2008 no vermelho porque a Receita Federal doou mercadorias apreendidas para a realização de uma feira que resultou na captação de recursos extras de R$ 500 mil.

Cabral acrescenta a insuficiência de repasses dos municípios conveniados como principal problema. O número de atendimentos é muito superior aos contratados mensalmente. A maioria dos pacientes são de Banabuiú, Choró, Ibaretama e Quixeramobim. Todavia, ele reconhece que as cidades vizinhas trabalham no sentido de equacionar o problema, manter o equilíbrio entre o número de encaminhamentos e os valores repassados. Pelos cálculos dele, a defasagem mensal é superior a R$ 30 mil.

Doações por meio dos cupons de energia elétrica e de água poderiam minimizar o problema. A população tem correspondido. Ele cita como exemplo a campanha dos cupons fiscais promovida pela Sefaz. “Mas a Coelce e nem a Cagece tem demonstrado interesse em colaborar. Já enviamos ofícios solicitando o convênio. Não recebemos qualquer resposta. Com o auxílio extra dos contribuintes poderíamos pagar os R$ 13 mil da conta mensal de energia e outros R$ 4 mil da água”, completa o diretor.

A Coelce confirmou o recebimento da proposta e atribuiu a demora do encaminhamento do pedido ao Departamento de Sustentabilidade e Meio Ambiente, responsável pela avaliação, como único entrave. Imediatamente, técnicos da empresa mantiveram contato com a direção do Hospital. A Cagece justificou inviabilidade técnica para não realizar o convênio. Para segregar a doação, restrita a Quixadá, seria necessário modificar seu sistema de cobrança. Um novo programa está sendo implantado, mas só funcionará a partir de 2010.

O diretor administrativo do Hospital Municipal de Quixadá, Micael Pereira Nobre, também vê o apoio dos PSFs como alternativa para o descongestionamento no pólo público de saúde. O setor de emergência acaba de ser reformado. Mesmo assim, nos fins de semana e época das viroses, janeiro a julho, a superlotação tem sido freqüente. Apesar da especialização em clínica médica e traumatologia, ainda são comuns os casos de pessoas que procuram o hospital para tratamento de conjuntivite.

A secretária de Saúde de Quixadá, Valéria Nepomuceno Carneiro, informou que sua equipe estuda estratégias para funcionamento de terceiro turno nos PSFs da área urbana. O horário de atendimento deverá se estender até as 22 horas nos bairros onde a procura pela assistência médica é maior. A experiência já foi realiza no início deste ano.

Mais informações:
Hospital Maternidade Jesus Maria José (88) 3412.0681
Secretaria de Saúde de Quixadá (88) 3412.3245

FALTA PROFISSIONAIS NO INTERIOR
Médicos reclamam de más condições de trabalho

Quixadá. De acordo com o presidente do Sindicato dos Médicos do Estado do Ceará (Simec), José Maria Pontes, existem médicos suficientes no Estado do Ceará. Atualmente são 8,3 mil em atividade. No total, o Ceará conta com mais de 11 mil especialistas. A média é de um médico para mil pacientes, atendendo os critérios estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS). De acordo com o último censo do IBGE, são 8,4 mi de habitantes no território cearense.

O problema é que as propostas apresentadas pelas prefeituras são aquém da valorização que os profissionais da medicina merecem. Além da carga horária extensa, onde muitos são obrigados a trabalhar nos PSFs durante o dia e nos plantões dos hospitais à noite, a demanda de pacientes atendidos costuma ser intensa. Varia de 120 a 150 num período de 12 horas. A OMS estabelece 15 minutos como tempo ideal para cada atendimento de um paciente.

Desgaste

Não bastasse o desgaste profissional, o emocional também é abalado. São comuns os casos de médicos ofendidos e até ameaçados, afirma o representante da classe. De uma forma geral, as prefeituras não pagam nem os direitos trabalhistas. Não é o caso de Quixadá, mas é preciso valorizar e dar condição para o desempenho da atividade. “São por esses motivos que vemos todos os dias anúncios nos jornais, oferecendo emprego para nossos médicos. As vagas não são preenchidas”, acrescenta Pontes.

Na avaliação dele, enquanto essa situação perdurar, a política pública de valorização não mudar, haverá concentração de médicos na Capital. Pela forma como estão sendo tratados, a tendência é a formação de cooperativas, evitando cada vez mais o serviço público.

O presidente do Simec, José Maria Pontes, trabalha nos plantões do Frotinha da Parangaba, em Fortaleza, aos domingos. “Enfrentamos um verdadeiro caos salvando vidas, sacrificando as nossas”, desabafa o médico.

Mais informações:
Sindicato dos Médicos do Estado do Ceará (85) 3261.4788
E-mail: simec@fortalnet.com.br
www.simec.med.br


ENQUETE
O que acha dos postos de saúde funcionando à noite?

Maria de Fátima Pereira
54 ANOS
Agricultora

Depois do legume perdido na roça não há coisa pior do que carregar o filho nos braços por quase uma légua

Cícera Martins Mendes
33 ANOS
Aux. doméstica

A gente passa o dia cuidando da casa dos patrões com zelo e dedicação. Bem que poderiam fazer isso pela gente também

Alex Pimentel
Colaborador
Diário do Nordeste

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