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sexta-feira, 31 de julho de 2009

Açude Cedro só abastecerá comunidades do entorno


Utilizar a água do Açude Cedro somente para as comunidades do entorno. Essa foi a proposta aprovada pelo Comitê Gestor do reservatório reunido na Câmara Municipal na quarta, 29 de junho. A proposição de captar 20 metros por segundos foi sugerida pela presidenta do legislativo quixadaense Edi Leal, opondo-se à idéia de liberar água para o abastecimento da cidade, o que resultaria numa vazão de, pelo menos, 40 metros por segundos.

O gerente da Cagece Christian Quezado defendeu a última proposta porque, segundo projeções da Cogerh, liberando água para uso doméstico, o espelho de água do Cedro baixaria somente 1,8 metros no marcador da parede. Desse percentual, 1,2 metros deverão evaporar-se mesmo que não haja utilização da água do reservatório. “Isso não compromete o potencial turístico do Açude”, afirmou Quezado. Mesmo assim, o gerente da Cagece não garante que água possa ser distribuída na rede urbana, dado seu alto nível de poluição. “Paramos a captação do Cedro em setembro de 2008 porque a água não estava própria para o uso na clínica de Hemodiálise do Hemoce”, revelou. Por esse motivo, a presidenta Edi Leal reforçou a idéia de evitar a liberação da vazão do reservatório para a cidade. “Precisamos sim planejar uma revitalização do Açude Cedro que é um patrimônio histórico, cultural e ambiental de nosso Quixadá”, disse Edi. A representante da deputada Rachel Marques, Ana Freitas, defendeu ainda que é necessário haver uma fiscalização dessa liberação de água para as comunidades do entorno para evitar o desperdício e o uso irregular.

Antes da reunião do Comitê Gestor, a Câmara realizou uma audiência pública sobre o assunto com a participação de lideranças comunitárias, representantes de órgãos públicos, entidades civis e dos vereadores Audênio Moraes, César Augusto, Cí, Dadá Almeida e Edi Leal. O representante do Dnocs que gerencia o Açude, Audísio Teixeira alertou sobre problemas sérios do Cedro. “O reservatório possui seus afluentes barrados por pequenos açudes, construções irregulares em seu entorno e assoreamento muito grande devido ao desmatamento, por isso o açude já esteve praticamente necrosado”, explicou.

Já o vice-prefeito Airton Buriti que também preside o comitê da sub-bacia hidrográfica do Banabuiu defendeu a importância simbólica do Cedro. “Por isso, a sociedade quixadaense se preocupa com o reservatório. Esse é o momento de cuidado quando deveremos esclarecer e demarcar as responsabilidades”, disse. A gerente regional da sub-bacia Telma Oliveira também concordou com a importância do Cedro. “É um açude especial pelo seu aporte histórico e turístico, dado que foi uma solicitação do século XVIII feita pela maçonaria ao imperador D. Pedro II”, esclarece. Já o representante da Cogerh Geni Lima alertou que o abastecimento humano é uma prioridade de uso de qualquer açude.

Em seguida, foram apresentadas duas palestras para subsidiar as discussões e decisão do Comitê Gestor. A primeira apresentação “Aspectos hidrológicos e ambientais do Açude Cedro” foi proferida pelo geólogo Adil Sena. Segundo ele, o reservatório tem dois principais problemas: o super dimensionamento e a construção de 63 açudes de pequeno porte no seu entorno. “Se na época de sua construção existisse tecnologia suficiente para avaliar a capacidade de armazenamento da bacia, os sangradouros e a parede deveriam ser bem menores”. Segundo o geólogo, isso possibilitaria que o açude tivesse sua água renovada anualmente evitando sua poluição. A segunda palestra “Alocação negociada”, apresentada por Luis César Pimentel esclarece que a gestão de uma bacia hidrográfica deve ter a participação de município e dos usuários em benefício da coletividade. Ele também mostrou as estatísticas dos açudes da região. “Em 2009, apenas o Açude Cedro e o Pedras Brancas não sangraram”, afirma. Pimentel ainda mostrou as projeções das altíssimas taxas de evaporação. “Devemos lembrar, no entanto, que a evaporação é um mal necessário, pois sem essa não teremos o ciclo natural para formação de nuvens e chuvas”, afirmou.

Fonte: Câmara Municipal de Quixadá

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