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segunda-feira, 25 de maio de 2009

Moradores da Rua Padre Cícero querem obras contra inundação em Quixadá


Apreensiva com possibilidade de mais chuvas, população exige obras de emergência em áreas críticas

O problema é bem menor do que o provocado pelo mar dágua nas cidades do Vale do Jaguaribe e Norte do Estado, mas a aflição é praticamente a mesma, segundo garantem os moradores da rua Padre Cícero, no entorno de Quixadá. Quinze famílias passaram dificuldades com as chuvas de 32mm registradas na cidade há duas semanas. Moram ao lado de um riacho. O córrego transbordou e invadiu suas casas. Revoltadas, atribuem a enchente ao descaso dos órgãos públicos. Havia promessa de dragagem do canal. Não foi cumprida.

Agora, os moradores se mobilizam para reivindicar da prefeitura de Quixadá e do Governo do Estado o ressarcimento dos prejuízos. A dona-de-casa Maria José Fernandes Ribeiro é um deles. Além dos móveis, por pouco os filhos não foram arrastados pelas águas. Não bastassem os transtornos, a aflição continua. A filha de lavradores confessa que, dessa vez, está com medo das chuvas. Embora as precipitações na região estejam entre as menores no Estado, os estragos podem ser ainda maiores onde ela mora.

A Prefeitura de Quixadá mobilizou seu secretariado para amparar as vítimas dos alagamentos provocados nas áreas de risco da cidade, mas quem convive com o drama não se conforma com a morosidade na realização das obras. Algumas famílias foram removidas para o Ginásio Esportivo Governador Gonzaga Mota, e outras para o Centro Social Urbano do Alto São Francisco. “Mas quem vive nas adjacências do terminal rodoviário não tem alternativa. É obrigado a aguentar água nas canelas toda vez que chove”, desabafa o escritor João Eudes Costa.

Para agravar ainda mais o incômodo, as marolas provocadas pelos veículos que cruzam a avenida José Caetano invadem as casas a cada instante. Por conta própria, os vizinhos resolveram bloquear o tráfego. Cavaletes, cordas, pedras, tudo é utilizado na barricada. A comerciária Lucicleide Jucá chegou a utilizar um porrete para obrigar os motoristas a retornarem. Alguns motociclistas não se intimidam, invadem o trecho e até fazem ameaças. Na próxima chuvarada, além do isolamento, pregos e vidros serão atirados na pista, segundo prometem os moradores.

De acordo com quem convive com os transtornos, a solução é simples. Basta o governo municipal cumprir o que tem prometido ao longo da década, a construção de uma galeria para escoar as águas pluviais no rio Sitiá. “A gente já não aguenta mais tanta conversa fiada. Tem muita gente disposta a contratar um carro-pipa, sugar esse aguaceiro despejado aqui a cada chuva e jogar na porta da prefeitura municipal”, disse o comerciante Cícero Holanda de Castro.

Sobre os serviços solicitados pela população, o secretário de Obras Edificações e Vias de Quixadá, Paulo Stênio Fernandes, informou estarem sendo adotadas providências. No caso dos moradores da Padre Cícero e Sítio Mãe Domingos, onde as famílias tiveram que sair de casa, atribuiu o problema ao excesso de chuva. Quanto aos moradores da Rodoviária, disse aguardar uma questão judicial sobre a posse do terreno por onde o túnel de escoamento deve passar. Por esse motivo houve a paralisação.

Zona de convergência

Na avaliação do meteorologista Paulo Barbieri, da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), a zona de convergência intertropical, responsável pela continuidade das chuvas no Norte e Nordeste do país, ainda se mantém estável na região. As chuvas devem continuar até meados de julho, mas com menor intensidade. Pelo menos é o que aponta o quadro histórico analisado pela Funceme. Mesmo assim deverá ficar acima da média.

O especialista atribui às calamidades enfrentadas nas cidades e povoados ao desmatamento nos leitos dos rios e ao lixo despejado nessas áreas e nos bueiros das redes pluviais urbanas. Impedem o escoamento da água. Reservatórios e lagos cheios; a terra já esta encharcada. Por menor que seja a precipitação há risco de inundação. Por isso, hoje, muita gente agradece a Deus quando faz sol nas localidades.

ALEX PIMENTEL
Colaborador

ENQUETE
Como o Sr. (a) enfrenta as dificuldades?

Maria José Fernandes Ribeiro
42 ANOS
Dona-de-casa

"Somos pobres, mas somos gente. Tem carro pra transportar cachorro, mas não tem carro pra retirar o que sobrou das nossas casas. A gente merece mais respeito"

Cícero Holanda de Castro
47 ANOS
Comerciante

"Essa gente deve estar pensando que somos trouxas ou sapos. Eles vão acabar vendo quem vai cantar nessa lagoa de descaso. Não podemos ficar nesse abandono"

Informações extraídas do Jornal Diário do Nordeste
Crédito da foto: Alex Pimentel

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