Revista Central: a informação em tempo real com credibilidade

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Barragens rompem e causam destruições em Choró


Barragens arrombam levando plantações, animais e a esperança de centenas de lavradores por um bom inverno

Choró. A ressaca das chuvas dos últimos dias trouxe muito mais que preocupação para os moradores deste município do Sertão Central, distante 170km de Fortaleza. Embora o número de desabrigados não tenha ultrapassado as 30 famílias, na zona rural de Choró as perdas já ultrapassam mais de 500 hectares de plantio. Dezenas de animais foram arrastados pelas águas e 19 barragens arrombaram. Para o município, com pouco mais de 13 mil habitantes e economia centrada principalmente no campo, a definição é de catástrofe.

De acordo com o coordenador local da Defesa Civil, José Mauro Jucá, os números podem ser ainda maiores. O levantamento está sendo concluído. Deverá ser encaminhado à Defesa Civil do Estado até amanhã. Apesar da trégua de ontem, com cerca de 32mm de precipitações na região, o perigo continua. Outras três paredes de açudes em assentamentos podem ruir a qualquer momento. O quadro mais grave é na localidade de Feijão, a 20km da sede do município. Famílias estão sendo retiradas das áreas de risco pela Defesa Civil.

Risco de morte

A aposentada e viúva Maria Luiza Silva, 92 anos, foi uma delas. Segundo conta, por pouco não perdeu a vida. Sua casa foi, literalmente, arrastada pelas águas juntamente com a barragem do açude que abastece a comunidade de Caiçarinha. Ela foi salva graças ao agricultor Geová Paulino da Silva, 55 anos.

Foi ele quem ligou para a vila informando que a parede do reservatório do assentamento havia cedido e a correnteza estava seguindo ladeira abaixo. Esse também foi o drama vivido por quem morava na Várzea Grande, Várzea Redonda, Arapuá, Serrote, Canafístula, Alegre, Teodósio, Pau D’Arco e Fonte Nova. Conforme relatório preliminar da Defesa Civil do município, o distrito de Monte Castelo foi o mais afetado, onde cinco açudes arrombaram. Até o enceramento desta edição não havia nenhuma vítima humana. Todavia, 22 bovinos e 36 caprinos foram tragados pelas águas.

Quadro crítico

Para o prefeito José Antônio Mendes, mais conhecido por “Dé”, a situação é de desolação. Juntamente com a equipe da Defesa Civil de sua terra natal, ainda contabiliza os estragos para elaboração do relatório a ser encaminhado para a Defesa Civil do Estado. Ele espera a decretação imediata do Estado de Emergência. Perplexo, não imaginava que nos quatro primeiros meses de sua administração enfrentaria tantos problemas de uma só vez para dar conta.

Dentre as medidas adotadas por Dé estão o abrigo e alimentação para as famílias que perderam suas casas, bem como a antecipação das férias escolares. Algumas delas receberam desabrigados e o acesso a maioria delas está muito arriscado. As estradas estão molhadas e os veículos podem derrapar. Vários trechos ainda continuam alagados prejudicando o tráfego. Segundo estimativas da Prefeitura, mais de 20km da CE-456 foram destruídos. A via estadual é o principal acesso a várias localidades.

Mais chuvas

O meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Eduardo Peixoto, informou que o órgão prevê mais chuvas para os próximos três dias. Devem ocorrer em todo o Estado. Serão isoladas e de menor intensidade. Por enquanto, a maior precipitação foi registrada em Icapuí, no litoral de Aracati, com 213 milímetros, no dia 20 passado. Pelos levantamentos preliminares, apenas os índices registrados em 1989 são superiores aos atuais.

Pelo levantamento da Funceme, as maiores chuvas registradas no período das 7h de anteontem para ontem, foram observadas em Frecheirinha, com 192mm, Viçosa do Ceará, com 141mm e Amontada, com 100mm. Fortes chuvas continuam sendo observadas, principalmente em municípios da zona norte do Estado.

Em Canindé, há registro de rompimento de pequenas barragens. Na sede do município, quatro carros-pipas fazem o abastecimento de água potável porque o sistema do Saae rompeu, no trecho da adutora do Açude Sousa, numa extensão de 8km. A previsão para normalizar o abastecimento é de somente após 20 dias. A situação continua precária, desde o último sábado.

Mais informações:

Defesa Civil de Choró
(88) 3438.1030
Prefeitura Municipal de Choró
(88) 3438.1166
Sertão Central


ALEX PIMENTEL
Colaborador
www.diariodonordeste.com.br

Nenhum comentário:

Mande para seus amigos do orkut, twitter etc!
|
Google Analytics