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terça-feira, 28 de outubro de 2008

Seis municípios estão no mapa de risco da dengue

Para evitar epidemia em 2009, secretarias de Saúde do Estado e Capital estão trabalhando ações preventivas da dengue

Caucaia, Crato, Fortaleza, Juazeiro do Norte, Maracanaú e Sobral estão entre os 169 municípios brasileiros escolhidos pelo Ministério da Saúde entre os prioritários para o controle da dengue através do Levantamento do Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (Liraa). A pesquisa faz parte das ações estratégicas realizadas entre o governo Federal e os estados para impedir a incidência da doença no País.

O levantamento considera como prioritárias as capitais, além dos municípios de regiões metropolitanas e de áreas turísticas, a maioria com mais de 100 mil habitantes e que apresentam preocupante índice de infestação predial.

De acordo com o último boletim divulgado pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), os seis municípios contabilizaram este ano, de janeiro até o dia 24 de outubro, um total de 32.984 casos. O maior número deles foi registrado em Fortaleza, com 31.566 casos.

A Capital concentra 74,95% de ocorrências no Estado. Em seguida, vem os municípios de Caucaia (757 casos), Maracanaú (432), Crato (88), Sobral (72) e Juazeiro do Norte (69).

Em relação à dengue hemorrágica e por complicação, apenas Caucaia, Fortaleza, Maracanaú e Sobral contabilizaram casos. Em 2008, foram 245 de febre hemorrágica e 415 por complicações somente nesses municípios, que também registram nove óbitos pelo tipo hemorrágico e sete por complicação da dengue.

Epidemia

O último boletim divulgado sexta-feira passada coloca este ano com a segunda maior epidemia do Estado desde 1986, com 42.117 casos. Embora faltem ainda dois meses para terminar o 2008, os registros da doença assustam se comparados aos anos anteriores: 25.026 em 2007, 25.569 em 2006.

Justamente para evitar que a situação se repita em 2009, a Sesa já está trabalhando para diminuir a ação do mosquito Aedes aegypti a partir do próximo ano. Em parceria com o Ministério da Saúde, o Estado iniciou, ontem, o Liraa.

O objetivo é identificar as localidades com os maiores índices de infestação pelo mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, e as áreas preferenciais, permitindo a adoção de medidas estratégicas de prevenção e combate à doença.

O resultado do Liraa será divulgado dia 19 de novembro. No Ceará, entretanto, já se sabe da existência de 34 municípios onde a infestação do Aedes aegypti é alta. Estes municípios iniciaram 2008 com altos índices de infestação. Ou seja, enquanto o Índice de Infestação Predial (IIP) satisfatório é até 1,0, as cidades apresentaram IIP de 1,0 a 3,9 - o que se configura estado de alerta - e acima de 3,9, quando a situação é risco de surto.

Nessas cidades, as estratégias de prevenção da doença para 2009 já estão sendo desenvolvidas pelas secretarias.

Pelo menos é isso o que garante o coordenador de Políticas de Proteção e Promoção à Saúde da Secretaria da Saúde do Estado, Manuel Fonseca. De acordo com ele, além dos recursos normalmente destinados ao Estado, o governo Federal vai garantir dinheiro extra para municípios com mais de 100 mil habitantes, as cidades da Região Metropolitana de Fortaleza e os municípios considerados prioritários.

Os recursos, além utilizados em ações informativas para a população, serão também usados para qualificação de pessoal. A Secretaria está capacitando médicos e preparando pediatras para uma possível elevação dos números da doença nas crianças.

O infectologista Ivo Castello Branco reforça que estas ações são essenciais para evitar riscos de novas e mais graves epidemias. ‘‘Se 1% dos domicílios tiverem focos de mosquito, pode haver epidemia no município’’. Ele também diz que é importante que os municípios não utilizem apenas as médias de infestações, mas trabalhem estratégias em cada bairro.

PREOCUPAÇÃO
Capital está em situação de alerta

Em Fortaleza, conforme a Secretaria de Saúde Municipal, está terminando 2008 com índice de infestação predial de 0,47%, ou seja, abaixo de 1,0. Entretanto, como a Capital sempre apresenta alto índice de casos da doença, a situação é sempre de alerta.

Agora em 2008, de acordo com o coordenador de Políticas de Proteção e Promoção à Saúde da Secretaria da Saúde do Estado, Manuel Fonseca, a Capital cearense responde por 60% das notificações de dengue no Ceará. E, por isso, é também município prioritário. Do mesmo modo que assim o são, Maracanaú e Caucaia, na Região Metropolitana.

De qualquer modo, explica o secretário de Saúde Municipal, Odorico Monteiro, nos últimos anos, a Capital cearense vem conseguindo terminar o ano com baixos índices de infestação. “O problema é quando chegam as chuvas”, diz, explicando que tão logo o ano inicia, o índice de infestação na cidade aumenta.

Daí a necessidade das ações preventivas de combate à doença não serem paralisadas. É necessário, inclusive, que a população não se descuide e continue realizando trabalho preventivo, como não deixar água empoçada em vidros, pneus e vasos e deve vedar as caixas d´água.

Mutirões

No último final de semana, todas as Secretarias Executiva Regionais (SERs) fizeram mutirões de combate ao mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti. A orientação da Secretaria Municipal de Saúde é que no próximo mês, as ações sejam unificadas e fortalecidas. “Nós temos dois problemas sérios: quintais e terrenos abandonados”, lamenta Odorico Monteiro.

Além de Fortaleza, os municípios prioritários no combate a dengue são: Acarapé, Acaraú, Aquiraz, Aracati, Barbalha, Baturité, Brejo Santo, Camocim, Canindé, Cascavel, Caucaia, Crateús, Crato, Eusébio, Guaiúba, Horizonte, Icó, Iguatu, Itaitinga, Itapipoca, Juazeiro do Norte, Limoeiro do Norte, Maracanaú, Maranguape, Morada Nova, Pacajus, Pacatuba, Quixadá, Quixeramobim, Russas, Sobral, Tauá, Tianguá.

MEDIDAS PREVENTIVAS

1- Revisão e adequação dos planos de contingência para assistência médica aos pacientes com dengue
2 - Atenção para a qualificação de pediatras, já que o cenário indica uma maior demanda por leitos para crianças
3 - Intensificação da capacitação de profissionais de saúde para atenção aos pacientes
4 - Priorização da expansão da cobertura estratégia da saúde da família
5 - Implantação de ações intersetoriais para a redução dos determinantes para a infestação por Aedes aegypti, como o abastecimento contínuo dágua, coleta e destino adequado de resíduos sólidos
6 - Envolvimento das áreas de educação, meio ambiente, comunicação social, entre outras, na difusão das ações preventivas da doença junto às comunidades
7 - Formação de uma força de trabalho suplementar para atuar de forma imediata na realização das medidas de visita às casas para o combate ao Aedes aegypti

ERILENE FIRMINO E KAROLINE VIANA
Repórter/Especial para Cidade

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