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segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Caverna é a mais nova descoberta nos Inhamuns



Parambu. Um paredão formado por rochas, com cavernas, um buraco com mais de 40 metros de profundidade, abertura na base para entrada de ar e, para complementar, desenhos rupestres da fauna antiga. Embora a paisagem há anos seja um dos locais preferidos dos moradores da Serra do Lopes, localizada em Monte Sion, distrito da cidade de Parambu, só agora os integrantes do Pacto Ambiental da Região dos Inhamuns tiveram conhecimento da existência dela. Eles acreditam estar diante de um novo achado arqueológico.

Mesmo com a grandiosidade dos paredões, não é difícil entender os motivos da área não ter sido detectada antes pelos gestores municipais. O caminho de acesso ao “Buraco da Velha”, como a área é conhecida popularmente na região, é íngreme. É preciso um espírito aventureiro para chegar ao local. Se da sede de Parambu até o distrito de Monte Sion percorre-se cerca de 16 quilômetros no asfalto, da vila em Monte Sion até a Serra do Lopes são mais 12 quilômetros numa estrada de terra. Depois, é preciso atravessar o matagal até chegar às rochas.

Para o coordenador do Pacto Ambiental da Região dos Inhamuns, Jorge de Moura, apesar da descoberta ainda precisar da avaliação dos especialistas, como arqueólogos, sociólogos e historiadores, os indícios parecem levar a registros da fauna primitiva e das possíveis moradias dos homens daquela época devido à quantidade e tamanho das cavernas. Conforme Moura, o próximo passo é buscar essa ajuda profissional para a avaliação da área.

Neste sentido, inclusive, ele lamenta as dificuldades na área de recursos humanos que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), porque essa carência de especialistas no órgão, dificulta a agilidade no processo de avaliação. Não bastasse isso, explica Moura, a preocupação é porque a demora no trabalho tanto pode prejudicar o local que fica desprotegido de uma legislação específica que o proteja de vandalismo, como atrapalha a gestão do município, que fica, por exemplo, sem pode pensar a área como possível fonte para um projeto de turismo sustentável na região.

Até os integrantes do Pacto tomarem conhecimento da existência do “Buraco da Velha”, os estudantes da escola do Monte Sion faziam excursões para o local. As paredes das rochas, inclusive, além dos desenhos rupestres estão também riscadas com carvão, assemelhando-se a uma pichação improvisada.

A descoberta é um dos primeiros resultados de viés arqueológico do “Inventário Turístico Cultural na Região dos Inhamuns” que vem sendo realizado numa parceria entre os municípios signatários do Pacto Ambiental e o Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará (Cefet-CE).

O inventário é um instrumento recomendado pelo Ministério do Turismo. Ele permite um planejamento mais ágil e flexível, com base em informações sistematizadas, para se ter informações sobre os atrativos culturais e ambientais das cidades, equipamentos, serviços turísticos e a infra-estrutura para que se possa explorar a atividade de maneira que não prejudique o meio ambiente.

Patrimônio Histórico

Conforme a Chefe da Divisão Técnica da 4ª Superintendência Regional do Instituto Patrimônio Histórico Nacional (Iphan), Olga Paiva, as visitas técnicas, de pesquisa e ao público no sítio arqueológico de Parambu, só podem acontecer depois de o local ter sido interpretado, verificado, por meio de um estudo.

Olga disse ainda que a legislação federal nº 3.924 de 1961 dispõe sobre os monumentos arqueológicos e os artefatos existentes nele. “Só depois de ser catalogado, o sítio passa a ser patrimônio da União, tornando-o local de pesquisas científicas”. No entanto, para que o local seja catalogado, é preciso que os técnicos do Iphan visitem o local e verifiquem as figuras ruspestres, para disgnosticar se as imagens são pinturas ou inscrições.

PATRIMÔNIO - Inventário mapeia atrações turísticas na região

Parambu. Todos os dias, por volta das 15 horas, os moradores do Monte Sion, distrito de Parambu, não dispensam uma boa tapioca com uma xícara de café. O costume pode até receber ingredientes diferentes como a goma especial e a carne do sol que a dona Edite, uma das moradoras mais antigas do povoado, insiste em utilizar para dar sabor especial à tapioca, acaba funcionando, entretanto, como uma das marcas que identificam a população daquele lugar.

O hábito aparentemente comum é um dos muitos aspectos culturais do município de Parambu que começaram a ser pesquisados este ano, com a intenção de saber se podem ou não ser encaixados no “Inventário Turístico Cultural”. Um trabalho que vem sendo realizado nos municípios signatários do Pacto Ambiental da Região dos Inhamuns, numa parceira com a Coordenadoria de Turismo e Hospitalidade - Curso de Gestão de Turismo do Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará (Cefet).

O inventário é a base de um projeto maior dos integrantes do Pacto Ambiental que pretendem, a partir dele, criar políticas que viabilizem a instalação de um corredor turístico e cultural da Região dos Inhamuns, com um roteiro de atrações integradas entre as cidades do local. O principal objetivo, explica o coordenador do Pacto, Jorge de Moura, é aproveitar as riquezas natural e cultural, de forma interligada.

Ou seja, a partir da visita a uma localidade, os turistas podem aproveitar e conhecer o maior número possível dos atrativos da cidade. Independente de que estejam relacionados à natureza, à gastronomia ou a outros aspectos, tornando esse conhecimento novo também uma atração.

Em Parambu, por exemplo, acrescenta Jorge de Moura, além das belezas arqueológicas ou a paisagem da Caatinga, os turistas podem comer um “baião-de-dois de fava”, a carne de carneiro na brasa ou os doces de cajú, mel de abelha, queijo de coalho e, claro, a tapioca genuinamente do município de Parambu.

Uma situação que pode se repetir em cada uma das demais cidades envolvidas no projeto: Tauá, Independência, Arneiroz, Quiterianópolis, o distrito de São Gonçalo em Catarina, Monsenhor Tabosa, Acopiara, Aiuaba, Novo Oriente e Crateús. O acordo entre o Pacto e o Cefet foi assinado ainda em março desse ano. Desde julho passado, cerca de 30 profissionais e estudantes do Centro Federal de Educação estão nas localidades fazendo o trabalho de campo.

A equipe técnica-científica do Cefet realizará todo o levantamento necessário para a formulação do documento final, recebendo o apoio das Secretarias Municipais e da Fundação Bernardo Feitosa, em Tauá. Quando o inventário estiver pronto, inicia-se o trabalho de criação do corredor turístico na Região dos Inhamuns.

Mais informações: 4ª Superintendência Regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artísitico Nacional (Iphan). (85) 3221.2180. www.iphan.gov.br

ERILENE FIRMINO e MAURÍCIO VIEIRA
Repórteres
Diário do Nordeste

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