Sargento do Exército e um caminhoneiro foram denunciados por corrupção na Operação Pipa. O Ministério Público comprovou que o militar cobrava propina para cadastrar carros-pipa em Pedra Branca.
O esquema de propina descoberto na Operação Pipa, programa do Governo Federal que distribui água potável para atingidos pela seca no Nordeste, chegou à Justiça Militar no Ceará. No último dia 30, o Ministério Público denunciou, por corrupção ativa e passiva, o 3º Sargento do Exército Adriano José Almeida Ferreira, 31, e o dono de um caminhão-pipa, José Anicedes Machado de Oliveira, 44.
O 3º sargento Almeida, segundo a denúncia do Ministério Público Militar (MPM) e o Inquérito Policial Militar (IPM), cobrava propina para cadastrar carros-pipa usados para distribuir água em comunidades do município de Pedra Branca (a 305 km de Fortaleza), localizado no Sertão Central. Os militares acusados ganhariam até R$ 6 mil por mês com a fraude. Além de Almeida, há outros militares investigados.
Em um caso comprovado, o pipeiro José Anicedes denunciou que, em dezembro de 2008, recebeu uma proposta de suborno do sargento Almeida. Foi durante uma vistoria dos carros-pipa, coordenada por militares do 23º Batalhão de Caçadores (BC) do Exército. O veículo de Anicedes seria habilitado na Operação Pipa mediante o pagamento de R$ 2 mil ao militar, que é lotado no 23º BC em Fortaleza.
Fechado o negócio, o caminhoneiro comprovou que depositou na conta-corrente do militar um cheque no valor de R$ 1.400 e R$ 600 em espécie. Durante as investigações do IPM, o sigilo bancário do sargento Almeida e do pipeiro Anicedes foi quebrado e confrontado. Os documentos comprovam os dois depósitos feitos pelo caminhoneiro na conta-corrente do militar, no dia 17 de dezembro de 2008.
Em depoimento, José Anicedes ainda revelou que o cheque de R$ 1.400 havia voltado por saldo insuficiente. O sargento Almeida, apesar de ter embolsado R$ 600, descumpriu o acordo de incluir o pipeiro em rota da Operação Pipa. Também foi constatada a devolução de um cheque pertencente ao caminhoneiro.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, a quebra do sigilo bancário do sargento aponta ainda que vários depósitos foram feitos na conta do militar. Coincidentemente, os valores estão registrados no período em que o denunciado atuava na Operação Pipa. Almeida, informa a Promotoria, tentou construir um álibi declarando que era sócio do pipeiro na propriedade do caminhão. Para isso, teria ligado várias vezes para José Anicedes, que rechaçou a proposta.
O POVO foi à casa de José Anicedes na tarde de ontem. O pipeiro afirmou que não tinha sido comunicado oficialmente e que só falaria sobre o caso na Justiça Militar. Outros militares e civis serão denunciados pelo MPM.
ESQUEMA NA OPERAÇÃO PIPA
Entenda como funcionava a fraude na Operação Pipa, coordenada pelo Exército através do 23º Batalhão de Caçadores
1 - Segundo denúncia do Ministério Público Militar, o 3º sargento do Exército Almeida e outros militares cobravam até R$ 2 mil de propina para cadastrar caminhoneiros na Operação Pipa. Os pipeiros se candidatavam para distribuir
água potável, em 2008, aos atingidos pela seca em Pedra Branca (CE).
2 - Em um dos casos, após a quebra do sigilo bancário dos denunciados, ficou comprovado que o pipeiro José Anicedes depositou na conta do sargento Almeida um cheque de R$ 1.400,00 e R$ 600,00 em espécie.
3 - A Operação Pipa, coordenada pelo 23º Batalhão de Caçadores (Fortaleza), foi investigada através de inquérito aberto por determinação da 10ª Região Militar. No relatório final, publicado com exclusividade pelo O POVO, são apontadas falhas de planejamento, execução e fiscalização do Exército
4 - Além da descoberta da cobrança de propina, também foi provado que alguns pipeiros chegaram a distribuir água de açudes imprópios para o consumo humano nas comunidades. A Operação Pipa movimentou em 2008, no Ceará, mais de R$ 3 milhões segundo a 10ª Região Militar. Uma auditoria contábil e financeira está em andamento nas contas do Escritório da Operação Pipa.
BATE-PRONTO
O POVO tentou fazer uma entrevista ontem, por telefone, com o 3º Sargento do Exército, Adriano José Almeida Ferreira, denunciado pelo Ministério Público Militar. Porém, ele disse que não falaria a respeito e pediu que não lhe ligassem mais.
O POVO - Alô, é o Almeida?
Adriano José Almeida Ferreira - Pois não. Quem é?
OP - Sargento, é do jornal
O POVO. A gente está fazendo matéria sobre a denúncia do Ministério Público Militar...
Almeida - Não, não... Quem lhe deu meu telefone?
OP - Consegui no quartel.
Almeida - Não quero falar nada. Você não me liga mais, por favor. Tá bom?
OP - O senhor não quer falar sobre o assunto?
Almeida - Não. Não quero que você me ligue mais.
OP - Pois não. A gente está ligando porque...
Almeida- Não autorizo o senhor a me ligar, não quero que me ligue. Fui bem claro?
OP - Então o senhor não quer falar sobre o assunto?
Almeida - Não. Tá bem?
OP - Tá bom.
Almeida - Até mais, tchau.
Cláudio Ribeiro e Demitri Túlio
da Redação do Jornal O Povo
O esquema de propina descoberto na Operação Pipa, programa do Governo Federal que distribui água potável para atingidos pela seca no Nordeste, chegou à Justiça Militar no Ceará. No último dia 30, o Ministério Público denunciou, por corrupção ativa e passiva, o 3º Sargento do Exército Adriano José Almeida Ferreira, 31, e o dono de um caminhão-pipa, José Anicedes Machado de Oliveira, 44.
O 3º sargento Almeida, segundo a denúncia do Ministério Público Militar (MPM) e o Inquérito Policial Militar (IPM), cobrava propina para cadastrar carros-pipa usados para distribuir água em comunidades do município de Pedra Branca (a 305 km de Fortaleza), localizado no Sertão Central. Os militares acusados ganhariam até R$ 6 mil por mês com a fraude. Além de Almeida, há outros militares investigados.
Em um caso comprovado, o pipeiro José Anicedes denunciou que, em dezembro de 2008, recebeu uma proposta de suborno do sargento Almeida. Foi durante uma vistoria dos carros-pipa, coordenada por militares do 23º Batalhão de Caçadores (BC) do Exército. O veículo de Anicedes seria habilitado na Operação Pipa mediante o pagamento de R$ 2 mil ao militar, que é lotado no 23º BC em Fortaleza.
Fechado o negócio, o caminhoneiro comprovou que depositou na conta-corrente do militar um cheque no valor de R$ 1.400 e R$ 600 em espécie. Durante as investigações do IPM, o sigilo bancário do sargento Almeida e do pipeiro Anicedes foi quebrado e confrontado. Os documentos comprovam os dois depósitos feitos pelo caminhoneiro na conta-corrente do militar, no dia 17 de dezembro de 2008.
Em depoimento, José Anicedes ainda revelou que o cheque de R$ 1.400 havia voltado por saldo insuficiente. O sargento Almeida, apesar de ter embolsado R$ 600, descumpriu o acordo de incluir o pipeiro em rota da Operação Pipa. Também foi constatada a devolução de um cheque pertencente ao caminhoneiro.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, a quebra do sigilo bancário do sargento aponta ainda que vários depósitos foram feitos na conta do militar. Coincidentemente, os valores estão registrados no período em que o denunciado atuava na Operação Pipa. Almeida, informa a Promotoria, tentou construir um álibi declarando que era sócio do pipeiro na propriedade do caminhão. Para isso, teria ligado várias vezes para José Anicedes, que rechaçou a proposta.
O POVO foi à casa de José Anicedes na tarde de ontem. O pipeiro afirmou que não tinha sido comunicado oficialmente e que só falaria sobre o caso na Justiça Militar. Outros militares e civis serão denunciados pelo MPM.
ESQUEMA NA OPERAÇÃO PIPA
Entenda como funcionava a fraude na Operação Pipa, coordenada pelo Exército através do 23º Batalhão de Caçadores
1 - Segundo denúncia do Ministério Público Militar, o 3º sargento do Exército Almeida e outros militares cobravam até R$ 2 mil de propina para cadastrar caminhoneiros na Operação Pipa. Os pipeiros se candidatavam para distribuir
água potável, em 2008, aos atingidos pela seca em Pedra Branca (CE).
2 - Em um dos casos, após a quebra do sigilo bancário dos denunciados, ficou comprovado que o pipeiro José Anicedes depositou na conta do sargento Almeida um cheque de R$ 1.400,00 e R$ 600,00 em espécie.
3 - A Operação Pipa, coordenada pelo 23º Batalhão de Caçadores (Fortaleza), foi investigada através de inquérito aberto por determinação da 10ª Região Militar. No relatório final, publicado com exclusividade pelo O POVO, são apontadas falhas de planejamento, execução e fiscalização do Exército
4 - Além da descoberta da cobrança de propina, também foi provado que alguns pipeiros chegaram a distribuir água de açudes imprópios para o consumo humano nas comunidades. A Operação Pipa movimentou em 2008, no Ceará, mais de R$ 3 milhões segundo a 10ª Região Militar. Uma auditoria contábil e financeira está em andamento nas contas do Escritório da Operação Pipa.
BATE-PRONTO
O POVO tentou fazer uma entrevista ontem, por telefone, com o 3º Sargento do Exército, Adriano José Almeida Ferreira, denunciado pelo Ministério Público Militar. Porém, ele disse que não falaria a respeito e pediu que não lhe ligassem mais.
O POVO - Alô, é o Almeida?
Adriano José Almeida Ferreira - Pois não. Quem é?
OP - Sargento, é do jornal
O POVO. A gente está fazendo matéria sobre a denúncia do Ministério Público Militar...
Almeida - Não, não... Quem lhe deu meu telefone?
OP - Consegui no quartel.
Almeida - Não quero falar nada. Você não me liga mais, por favor. Tá bom?
OP - O senhor não quer falar sobre o assunto?
Almeida - Não. Não quero que você me ligue mais.
OP - Pois não. A gente está ligando porque...
Almeida- Não autorizo o senhor a me ligar, não quero que me ligue. Fui bem claro?
OP - Então o senhor não quer falar sobre o assunto?
Almeida - Não. Tá bem?
OP - Tá bom.
Almeida - Até mais, tchau.
Cláudio Ribeiro e Demitri Túlio
da Redação do Jornal O Povo
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