Banco comunitário busca alternativas para consolidação de moeda social como meio para o desenvolvimento regional
Choró. Um modelo social de incentivo ao fortalecimento econômico comunitário enfrenta uma grave crise no Interior do Ceará. O Sabiá, moeda alternativa que passou a circular neste município da região Centro do Estado, não consegue decolar. O problema, segundo a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Choró, responsável pela implantação da cédula especial nesta cidade, Maria Eliane Ramos, não está na crise mundial, mas na falta de parcerias públicas. Sem o apoio da administração local, o dinheiro popular estará fadado à extinção no município.
Choró. Um modelo social de incentivo ao fortalecimento econômico comunitário enfrenta uma grave crise no Interior do Ceará. O Sabiá, moeda alternativa que passou a circular neste município da região Centro do Estado, não consegue decolar. O problema, segundo a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Choró, responsável pela implantação da cédula especial nesta cidade, Maria Eliane Ramos, não está na crise mundial, mas na falta de parcerias públicas. Sem o apoio da administração local, o dinheiro popular estará fadado à extinção no município.
Na opinião da líder comunitária, somente com a formação de uma cadeia solidária será possível elevar o percentual de circulação do Sabiá na cidade. Implantado faz pouco mais de um ano, o giro mensal da moeda não ultrapassa R$ 800,00. São poucos os comerciantes que aceitam as cédulas de S 0,50, S 1,00, S 2,00, S 5,00 e S 10,00. O interesse da população também é bem pequeno pelas cédulas especiais que, por votação popular, ganharam o símbolo do pássaro genuinamente brasileiro ameaçado de extermínio, no caso, o Sabiá.
Salário dos servidores
O chefe de gabinete da Prefeitura de Choró, René Felipe de Araújo, informou que a administração local estuda alternativas para fortalecimento da moeda local. Dentre as possibilidades, o pagamento de um percentual do salário dos servidores com o Sabiá. Ele acredita ainda que a contrapartida dos comerciantes com descontos nas mercadorias, com utilização da moeda alternativa, poderá atrair a clientela e evitar o êxodo para Quixadá, maior pólo econômico da região. Araújo não definiu data para as mudanças.
Dedicado aos negócios de varejo na cidade desde a adolescência, Nailton Campelo considera a proposta estudada pela Prefeitura uma boa saída para a crise do Sabiá. Entretanto, critica a transferência do pagamento do funcionalismo público municipal para a cidade vizinha como principal fator para agravamento da crise no município. Segundo ele, para concorrer com Quixadá, o jeito é vender fiado e aceitar qualquer garantia. O Sabiá é uma dessas formas.
Sobre a situação enfrentada em Choró, o coordenador-geral do Instituto Palmas, Joaquim Melo, ONG idealizadora e promotora dos bancos comunitários que passaram a se espalhar pelo País na última década, não vê motivos para o desestímulo. Ele ressalta que a moeda social é apenas um dos serviços disponibilizados nas comunidades carentes, mesmo assim destaca que o valor em circulação da moeda especial representa, pelo menos, dez vezes mais o mesmo valor em reais já que passa de mão em mão exclusivamente na cidade.
Melo considera viável a proposta apresentada pela Prefeitura de Choró. Ele cita que um modelo similar já funciona em São João do Arraial, no interior do Piauí. Lá, 20% do salário dos servidores é pago em Cocais, moeda local. Outro incremento econômico encontrado foi o pagamento de 3% dos serviços prestados por empreiteiros com a mesma moeda. Dessa forma, são obrigados a investir parte dos lucros na cidade. “O Banco Comunitário surgiu com esse propósito, promover e fortalecer o crescimento local”, completa o coordenador.
Atualmente, 25 municípios do Ceará contam com Bancos Comunitários. Outros nove estados utilizam o modelo criado em 2003 no Conjunto Palmeiras, em Fortaleza. Todos eles utilizam moedas locais.
Empréstimos, aberturas de contas, depósitos, saques e cartão de crédito são alguns dos serviços prestados pelos bancos populares. Os recursos são captados por meio de doações ou dos poderes públicos constituídos na região.
ALEX PIMENTEL
Colaborador
www.diaridonordeste.com.br
Dedicado aos negócios de varejo na cidade desde a adolescência, Nailton Campelo considera a proposta estudada pela Prefeitura uma boa saída para a crise do Sabiá. Entretanto, critica a transferência do pagamento do funcionalismo público municipal para a cidade vizinha como principal fator para agravamento da crise no município. Segundo ele, para concorrer com Quixadá, o jeito é vender fiado e aceitar qualquer garantia. O Sabiá é uma dessas formas.
Sobre a situação enfrentada em Choró, o coordenador-geral do Instituto Palmas, Joaquim Melo, ONG idealizadora e promotora dos bancos comunitários que passaram a se espalhar pelo País na última década, não vê motivos para o desestímulo. Ele ressalta que a moeda social é apenas um dos serviços disponibilizados nas comunidades carentes, mesmo assim destaca que o valor em circulação da moeda especial representa, pelo menos, dez vezes mais o mesmo valor em reais já que passa de mão em mão exclusivamente na cidade.
Melo considera viável a proposta apresentada pela Prefeitura de Choró. Ele cita que um modelo similar já funciona em São João do Arraial, no interior do Piauí. Lá, 20% do salário dos servidores é pago em Cocais, moeda local. Outro incremento econômico encontrado foi o pagamento de 3% dos serviços prestados por empreiteiros com a mesma moeda. Dessa forma, são obrigados a investir parte dos lucros na cidade. “O Banco Comunitário surgiu com esse propósito, promover e fortalecer o crescimento local”, completa o coordenador.
Atualmente, 25 municípios do Ceará contam com Bancos Comunitários. Outros nove estados utilizam o modelo criado em 2003 no Conjunto Palmeiras, em Fortaleza. Todos eles utilizam moedas locais.
Empréstimos, aberturas de contas, depósitos, saques e cartão de crédito são alguns dos serviços prestados pelos bancos populares. Os recursos são captados por meio de doações ou dos poderes públicos constituídos na região.
ALEX PIMENTEL
Colaborador
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