Revista Central: a informação em tempo real com credibilidade

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Chuvas provocam novos alagamentos no Sertão Central


om as novas chuvas, alagamentos se estendem em Quixadá e podem obstruir acesso de famílias à sede

Dessa vez foi a ponte do Putiú. Uma multidão se concentrou na manhã de ontem diante da passagem de concreto que dá acesso ao maior bairro da cidade, o Campo Noivo, para observar o trabalho de homens e máquinas. Eles estavam desobstruindo aquele trecho do Rio Sitiá. O nível da água subiu com as precipitações registradas nos últimos dias e uma parte da barreira lateral da ponte deslizou. Temendo a obstrução do acesso rodoviário e de pedestres, o secretário de Obras, Edificações e Vias de Quixadá, Paulo Stênio Fernandes, e sua equipe se empenhavam na retirada dos obstáculos.

Aroeiras e algumas ilhas de taboa, uma espécie de planta invasora aquática em forma de cipó, estavam impedindo o fluxo do rio. Era preciso agir rapidamente, caso contrário, com a continuidade das chuvas, o principal acesso de milhares de famílias ao Centro da cidade poderia ser levado pela correnteza. Até o fim da manhã de ontem, uma retroescavadeira estava sendo utilizada nos serviços. Paulo Stênio assegurou que não sairia do local enquanto o problema não fosse controlado. Ele atribui o risco às chuvas da última terça-feira.

O secretário se referia às chuvas de 46mm registradas na cidade. Pouco mais de meia hora foi suficiente para alagar outras áreas. Além da ruas Padre Cícero e da Rodoviária, o Centro também foi atingido. Em um dos corredores comerciais, os lojistas utilizaram um automóvel para bloquear a passagem de veículos. A mesma estratégia foi utilizada na Avenida José Caetano. Na última chuva forte, os moradores haviam utilizado cavaletes e cordas. Não foi o suficiente. Alguns motociclistas furaram o bloqueio na via.

Pela situação precária de algumas áreas da cidade, mais ruas e avenidas poderão ser interditadas até o meio do ano. De acordo com o engenheiro agrônomo e técnico do Centro Vocacional Tecnológico, Afrísio Magalhães, até lá, a média história pluviométrica de 900mm na área urbana de Quixadá deverá ser superada. Ontem a marca já atingia 889mm. “Com a expectativa de mais água até o fim de junho, certamente chegará à casa dos mil milímetros”, comentou o especialista. O CVT realiza o levantamento pluviométrico faz nove anos.

Profetas das chuvas

Embora a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) só assegure oficialmente as condições climatológicas para os próximos três dias, alguns profetas das chuvas, dentre eles Chico Leiteiro, um dos mais respeitados do grupo, estimam que o quadro chuvoso continuará na região. “Deve cair mais água na nossa cidade a partir da segunda semana de junho”, comentou. No encontro realizado tradicionalmente há 13 anos, ele foi o único a apontar inundações no Estado.

Na opinião do ambientalista Osvaldo de Andrade, presidente do Instituto de Convivência com o Semi Árido, os reflexos desagradáveis sentidos na cidade são conseqüência da falta de políticas ambientais. Ele responsabiliza em parte a população, mas os loteamentos irregulares, desmatamentos e invasão dos mananciais dos rios e riachos, segundo afirma, com aval dos gestores públicos, são as principais causas.

“Além de conseguirem aprovação para todo tipo de agravo à natureza, eles ainda montam a infra-estrutura nessas áreas, piorando a situação”, lamenta o ambientalista.

ALEX PIMENTEL
Colaborador
Diário do Nordeste

Nenhum comentário:

Mande para seus amigos do orkut, twitter etc!
|
Google Analytics