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quarta-feira, 22 de abril de 2009

SERTÃO CENTRAL: Rampa do Urucum está fechada para vôo livre

Pilotos de asa delta e parapente não podem mais utilizar a rampa do Santuário Rainha do Sertão, em Quixadá

Uma das melhores rampas para decolagem de asa-delta e parapentes do mundo, a do Santuário de Quixadá, está fechada por falta de pagamento de aluguel

Quixadá. Uma das mais famosas pistas de vôo livre do mundo, a Rampa do Urucum, está fechada para decolagens. A Diocese de Quixadá proibiu o acesso por falta de pagamento da concessão para utilização do espaço esportivo situado no caminho do Santuário de Nossa Senhora Imaculada Rainha do Sertão. A decisão pegou muitos pilotos de surpresa. Alguns haviam viajado mais de 500km para saltarem da plataforma considerada o “Hawaii” do vôo livre.

Representando a Diocese de Quixadá, o padre Robson Bezerra informou que a decisão foi tomada por conta da elevada inadimplência e quebra do contrato firmado pelos pilotos. Além do atraso de quatro meses, relativos ao ano passado, não foi formulado nenhum compromisso para 2009. Não bastassem os problemas financeiros, na última utilização da rampa em um evento internacional, a sujeira deixada pelos visitantes não foi removida. Ele ainda esclareceu que quando pago, o salário e meio cobrado é destinado à manutenção do local e da via do Santuário.

Embora o acesso esteja proibido, o pároco demonstra disposição para o diálogo e negociação da reabertura da rampa. Todavia, é necessário quitar as pendências e assumirem o compromisso de manterem a área de decolagens limpa. Foram as únicas exigências de dom Ângelo Pignoli. O bispo critica a postura dos empresários que exploram o vôo livre na região. “Eles lucram muito com hospedagens nos hotéis e esquecem de quitar seus compromissos”, reclamou.

Segundo o presidente da Federação de Parapente e Asa Delta do Ceará (Fepace), João Guy Almeida, os recursos da entidade são escassos. Não há como custear o aluguel mensal da rampa. Apesar de contar com seis clubes, 20 pilotos de asa delta e mais de 60 de parapente, os equipamentos e a manutenção dos assessórios são elevados. Todos os associados são profissionais de outras áreas: engenheiros, técnicos em eletrônica, professores, vendedores. Não têm patrocinadores. Voam por prazer.

Na opinião do presidente da Fepace, a alternativa para solucionar o problema está na formação de parcerias. Os pilotos estão dispostos a divulgar as marcas de patrocinadores nas asas-delta e parapentes. Ele avalia a possibilidade da realização de vôos promocionais e exibições para o público. Em algumas competições, as acrobacias podem ser realizadas bem próximas dos espectadores. Embora a rampa seja o maior atrativo para o cross country, é possível programar pousos às margens do Lago dos Monólitos, um dos parques ecológicos de Quixadá.

Convidado a explanar na Câmara Municipal sobre o desenvolvimento turístico na cidade, o empresário e piloto Antônio Almeida criticou a postura adotada pela administração pública. Frisou a movimentação de R$ 6 milhões nos últimos 13 anos, por ocasião da realização do X Ceará, um dos maiores eventos de vôo livre do mundo. Ele lamenta que apenas em Quixadá os pilotos sejam obrigados a pagar para voar. Todavia, considera a exigência da Diocese justa. Almeida é considerado um dos pioneiros do vôo livre no Estado do Ceará.

Incentivo

O chefe de gabinete da Prefeitura de Quixadá, Henrique Rabelo, contesta as críticas do empresário. Justifica ter sido a Prefeitura de Quixadá a responsável pelo incentivo e implantação do vôo livre no município. Entusiasmado com a idéia o ex-prefeito Ilário Marques, comprou duas asas-delta para os esportistas. Promoveu cursos e custeou com o erário público o aluguel da rampa pelo período de seis meses. O escritório do Sebrae bancou as despesas pelo mesmo período.

Rabelo também acredita na participação da iniciativa privada como solução para a reabertura da rampa. Descarta a possibilidade da Prefeitura custear o aluguel cobrado pela Diocese. O orçamento disponível no município é limitado.

FIQUE POR DENTRO

Modalidade esportiva surgiu nos anos 70

O vôo livre surgiu no início dos anos 70. O parapente ou paraglider, como passou a ser conhecido internacionalmente, chegou dez anos depois. Os alpinistas foram os pioneiros. Após escalarem montanhas na Europa utilizavam o equipamento para descer, voando. No Brasil, os vôos de asa-delta ganharam popularidade com o francês Stefan Dunoyer, com a realização de exibições publicitárias do Rio de Janeiro e São Paulo, em 1974. O capacete, cinto de segurança, pára-quedas de emergência, mosquetão, rádio de comunicação, altímetro e GPS são equipamentos essenciais para a prática das duas modalidades. O Ceará conta com rampas de vôo livre em Quixadá, Crato, Iguatu, Maranguape, Sobral, Pacatuba, Palmácia e Tianguá. No último fim de semana mais uma delas foi inaugurada, em Ipu, na Serra da Ibiapaba, zona norte do Estado. Na inauguração, foi realizada a primeira competição de cross country livre do Brasil, o XC Nordeste 2009.

Mais informações:

Fepace
relpublicas@fepace.com.br
(85) 9609.6274
Diocese de Quixadá
(88) 3412.0548

Fonte: http://www.diariodonordeste.com.br/
Foto: Alex pimentel
Colaborador

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