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domingo, 29 de março de 2009

Artistas superam obstáculos em Quixadá

Desenvolvimento de políticas culturais é considerado o melhor instrumento para valorização do teatro

Um teatro municipal. Grupos artísticos encerram Semana de Teatro em Quixadá reivindicando uma sala pública de espetáculos para a cidade. Garantem haver interesse para a divulgação cultural da arte milenar e retorno econômico com as peças, esquetes e musicais apresentados por eles. Apostam no talento local e regional como alternativa de diversão artística nos fins-de-semana. Atraem público fiel, de todas as idades, a cada apresentação pela cidade. Foi assim nos auditórios de escolas e salão da Fundação Cultural Rachel de Queiroz nos últimos dias.

Na semana comemorativa ao Dia Internacional do Teatro, 27 de março, dez trupes artísticas amadoras se apresentaram pela cidade. Acostumados com a falta de estrutura, encenavam em qualquer lugar. Se não havia palco e nem cortinas, os risos e os aplausos eram os ingredientes necessários para as apresentações. Alguns até esqueciam os textos. Um motivo a mais para uma boa gargalhada. Se não havia como o público resistir. Os atores também não. Para eles não há nada mais gratificante que um sincero sorriso de criança.

“Não estamos à procura de fama, glória e nem de fortunas. Queremos apenas compartilhar com todos essa diversão maravilhosa que é o teatro”. O desabafo da atriz e diretora teatral Íris Freitas, 33 anos, reflete as dificuldades enfrentadas por quem se dedica à arte que tem suas origens na antiga civilização grega. Assim como ela, muitos atores não podem se dedicar exclusivamente à profissão. O jeito é relevar o talento ao segundo plano. Quem tem um pouco de sorte consegue aplicar seus conhecimentos na sala de aula.

Esse foi justamente o destino do professor de artes cênicas e dança Benzer dos Anjos, 43 anos. Considerado pelos colegas o “Vovô do Teatro” em sua terra natal, desde os 15 tem se dedicado aos palcos. O gosto surgiu na Capital, onde viveu parte da sua adolescência. Teve a oportunidade de aperfeiçoar seu talento com grandes nomes como Gorete Quintela, Hugo Bianchi, Vera Passos e Claudia Borges. Mas a saudade apertou e quatro anos depois retornou para Quixadá. Ficou impressionado com a quantidade de grupos existentes. Eram 12 naquela época.

Um dos protagonistas do movimento teatral dos anos 80 no Sertão Central, o gestor cultural e professor Gladson Martins, 34 anos, lembra do período como um dos mais importantes para a cultura regional. A Associação de Teatro Amador de Quixadá (Ataq), desativada faz 10 anos, se encarregava das articulações. Havia até festival com participação de representantes de diversas regiões. Atualmente, apenas Senador Pompeu promove encontro similar, a Mostra Regional de Teatro Amador (Moreta), enquanto Quixadá realiza Esquetes de Natal.

Sobre o espaço técnico ou teatro italiano solicitado pelos atores e admiradores, Martins acredita que até o fim do próximo ano esse sonho se tornará realidade. A construção da casa de espetáculos está incluída no planejamento municipal. Por meio de parcerias com os governos Estadual e Federal, a Fundação Cultural pretende captar recursos para a concretização do projeto. Mas, além da edificação, é necessário se estruturar. A produção de um espetáculo requer meses de planejamento. A formação de platéias também deve ser considerada prioridade básica.

Especialista na elaboração de projetos culturais ele ainda destaca que, nas grandes cidades, as montagens chegam ao custo médio de R$ 200 mil, mas em lugares onde o poder aquisitivo e o interesse são bem menores é possível aprontar uma peça de aproximadamente 40 minutos com R$ 5 mil. A temporada pode chegar a três meses, mas será possível estender as apresentações se as companhias seguirem para outros pólos urbanos. “O intercâmbio é uma ferramenta muito importante para a expansão cultural”, acrescenta.

Na próxima terça-feira, Quixadá será sede do Fórum Regional de Cultua e Turismo do Sertão Central. O encontro tem início às 8 horas, no Centro Cultural Rachel de Queiroz. A professora Maria Rejane Reinaldo ira apresentar o painel “Bases para implantação e implementação dos Sistemas Municipais de Cultura”. Em seguida, haverá o planejamento do calendário cultural regional. A iniciativa parte da Secretaria de Cultura do Estado (Secult), por meio da Coordenadoria de Gestão de Sistemas Estaduais de Cultura (Coges).

SAIBA MAIS

Significado
Segundo historiadores, o termo teatro vem do vocábulo grego ´Théatron´. Significa ´lugar onde se vê´. Surgiu no século IV a.C. com a apresentação de espetáculos naquela antiga civilização, em homenagem ao deus do vinho, Dionísio

Agradecimento
No início, a cada nova safra de uva, era realizada uma festa de agradecimento ao deus, em forma de procissão. Com o passar do tempo, as manifestações foram ficando cada vez mais elaboradas. Apareciam então os ´diretores de Coro´. Eram os organizadores das procissões

Coro
O primeiro deles foi Téspis. Convidado pelo tirano Préstato dirigiu a procissão de Atenas. Sob seu comando cerca de 20 mil pessoas cantavam e dançavam, enquanto o ´Coro´ apresentava diversas cenas. Os ´Coros´ eram compostos por narradores que, por meio de representações, canções e danças, relatavam as histórias do deus grego. Eram os intermediários entre o ator e a platéia e também pela conclusão das peças

Diálogos
Téspis tornou-se o primeiro ator grego. Ele conquistou o título ao subir em um tablado quando era realizado um dos cortejos. A inovação surgiu quando resolveu responder ao Coro. Em razão disso, surgiram os diálogos de cena

CAPACITAÇÃO E QUALIFICAÇÃO
Fundo Municipal de Cultura será criado em Quixadá

Quixadá. A presidenta da Fundação Cultural de Quixadá, Sandra Venâncio de Almeida, destaca o incentivo a todas as formas de arte em seu município como umas das prioridades do prefeito Rômulo Carneiro. Essa questão foi debatida na época da campanha eleitoral. Atores, músicos e articuladores foram ouvidos. Dentre as necessidades básicas ficou definida a criação do Fundo Municipal de Cultura. Por meio dele será possível captar recursos para a realização de espetáculos em diversos gêneros.

“Mas é preciso capacitar e qualificar nossos artistas”, comenta a articuladora cultural. Nesse sentido, a Fundação Municipal está firmando parceria com a Secretaria de Cultura do Estado (Secult) e Universidade de Fortaleza (Unifor). Por meio de um curso de extensão da área de Humanidades, com 180 horas, divido em seis módulos, representantes de 20 municípios cearenses iniciaram, ontem, o aprendizado.

Até o fim da capacitação terão aprendido a elaborar projetos, a utilizar as leis de incentivo a cultura, orçamento financeiro, planejamento de gestão, estratégias de comercialização e participarão até de oficinas de criatividade.

Expansão

O investimento na formação é a melhor maneira para assegurar a expansão do teatro no Interior do Estado. A idéia é criar uma estrutura independente e sólida para a difusão das artes, em todas as suas formas.

No início deste ano, por conta própria, Sandra Venâncio participou de um intercâmbio internacional cultural em Cuba, onde teve a oportunidade de conhecer as diversas experiências desenvolvidas na ilha de Fidel Castro. Ela ficou impressionada com a valorização das artes, principalmente da música e da dança popular. Das oito horas de aula nas escolas do país insular, localizado no mar do Caribe, a metade é dedicada às artes.

Mais informações:
Fundação Cultural de Quixadá
(88) 3414.4682
E-mail: cultura@quixada.ce.gov.br

ALEX PIMENTEL
Colaborador

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